segunda-feira, 5 de abril de 2010

Nós


Quis me fazer dormir. Eu não tinha sono. Beijou minha testa. Amanhã isso vai acabar, falou baixo. Eu mal pude ouvir, sequer entender. Falara confuso, como se ele mesmo não acreditasse no que dissera. Eu vou ter o meu fim, e vai ser esta noite, disse-lhe eu. Mas ele apenas sorriu, sabia que eu ainda delirava, as ternas entranhas de mim foram se acalmando, conforme ele cantava baixo, muito baixo, até onde o ouvido humano não poderia captar, ele conseguia falar.

Erramos juntos, falei. Ele não ouviu, ou não me entendeu.

Amanhã, quando eu acordar, tu vais tar comigo, voltei a indagar. Dessa vez ele ouviu, parou até de cantar. E respondeu numa outra língua, não entendi palavra, acho que eu não quis.

Dorme, Eli, disse depois, e eu apaguei por fim. Acordaria outra, ou não acordaria.

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