terça-feira, 3 de abril de 2012

Impressões sobre "O Rei Lear"

Bom, eu tava querendo ler um livro do Shakespeare e não sabia qual pegar, então eu fui na biblioteca e escolhi esse porque tinha sido traduzido pelo Millôr Fernandes. Sim, eu fiquei triste pra caramba quando ele morreu.

Esse livro é legal, sim, é. (Leiam o resumo da Wikipedia) Dá uma pena dos velhinhos no livro (é uma tragédia sobre a velhice e, como em todas as tragédias do Shakespeare que eu li, é sangue e mortes o livro todo, tipo as novelas da Record). E eu acho que a Cordélia tinha que ter ficado com o Edgar.

É triste, pra quem quiser saber. A peça é bem triste. Bom, tem o Bobo da Corte, que é até engraçadinho, mas ele fica trágico e cínico em contraste com o que rola na história toda. E tem uma fala do Lear que podia ser tranquilamente aplicada à sociedade de hoje como um todo.

"LEAR — E a criatura fugir do mastim? Nisso poderás contemplar a grande imagem da autoridade: um
cachorro no desempenho de suas funções é obedecido. Oficial de justiça desonesto, suspende a mão
sangrenta! Por que açoitas essa pobre rameira? Vira contra ti próprio essa chibata. Estás ardendo de
desejos de com ela realizares o ato por que a castigas. O onzeneiro põe na forca o ladrão. As faltazinhas
se deixam ver nos furos dos andrajos; mas as togas e as peles tudo encobrem. Forra de ouro o pecado, e a
forte lança da Justiça se quebra sem feri-lo;

cobre-o de trapos, e uma simples palha vibrada por pigmeu vai transpassá-lo. Ninguém comete falta, é o
que te afirmo; ninguém. A todos sirvo de fiador. Podes acreditar-me, amigo; fala-te quem força tem para
fechar a boca da acusação. Arranja umas lunetas e, como vil político, imagina ver coisas que não vês.
Bum, bum, bum, bum! Tirai-me as botas. Força! Força!... Assim...LEAR — E a criatura fugir do mastim? Nisso poderás contemplar a grande imagem da autoridade: um
cachorro no desempenho de suas funções é obedecido. Oficial de justiça desonesto, suspende a mão
sangrenta! Por que açoitas essa pobre rameira? Vira contra ti próprio essa chibata. Estás ardendo de
desejos de com ela realizares o ato por que a castigas. O onzeneiro põe na forca o ladrão. As faltazinhas
se deixam ver nos furos dos andrajos; mas as togas e as peles tudo encobrem. Forra de ouro o pecado, e a
forte lança da Justiça se quebra sem feri-lo;

cobre-o de trapos, e uma simples palha vibrada por pigmeu vai transpassá-lo. Ninguém comete falta, é o
que te afirmo; ninguém. A todos sirvo de fiador. Podes acreditar-me, amigo; fala-te quem força tem para
fechar a boca da acusação. Arranja umas lunetas e, como vil político, imagina ver coisas que não vês."

Essa daí é uma tradução erudita, e eu garanto que a do Millôr é bem mais fácil de ler e diz a mesma coisa .-.

Poisé, escrito no século XVII e continua atual. Não é à toa que pagam tanto pau pra ele.

Enfim, leiam.

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