terça-feira, 17 de agosto de 2010

A gueixa de Moisés


Eis uma história original, com personagens originais, num mundo original. Se forem copiar alguma coisa ponham créditos, não é só o Kishimoto que merece direitos autorais!

Avisos: Apesar de isso não ser yaoi (hinos de aleluia ao fundo), eu não recomendo para crianças, pessoas muito sensíveis, etc. Contém violência, romance, álcool.

Como todo mundo que tem a pretensão de ser igual a Shakespeare, eu fiz a minha versão de Romeu e Julieta.

"Escutai o que vos tenho dito: amareis a vossa família, de todo o vosso coração, de toda vossa alma, acima de tudo, principalmente acima de vós mesmos."


A gueixa de Moisés

Ela era uma mancha negra no jardim. Tinha uma voz de porcelana, sempre quis cantar, Matheus revelava. Mas não podia, era incapaz, o médico proibira. Falava pouco, muito pouco.

Como se chama, Moisés quis saber. Todos a chamam de Gueixa, eu acho que combina, respondeu e sorriu. Depois o profeta imaginou a garota pálida vestida num quimono florido, uma coroa de sakura na cabeça. Linda, resmungou. Matheus surpreendeu-se: Como soube? Ela odeia esse nome.

Então, descobriu. A menina inteira de preto chamava-se Linda, parecia uma assombração, muda e introspectiva, os olhos baixos.







Trabalhava num escritório, estudava ainda. E falava pouco, o silêncio mudo intrigou Moisés. Nenhuma outra garota mais o interessava, mesmo que fosse mais bonita, mais gentil, mesmo as que a mãe ou o pastor apresentavam. Meninas de família, de Deus, garotas corretas. E lhe chamava a atenção a garota de negro, da cruz invertida, do quase voto de silêncio.







Ela tinha um irmão, o Matheus, que paciente e por muito pouco ensinava música ao profeta. Aliás, ele já gostara desse apelido, até pensou em deixar cabelo e barba crescerem. Profeta. Mas a família não aprovaria preferiu continuar cortando.







Aproximou-se da Gueixa. E ela realmente parecia uma gueixa, repondia-lhe baixo e polidamente, apenas o que ele perguntava. Linda, quase chamou, mas preferiu dizer só Gueixa.







Matheus não demorou a perceber o interesse do amigo pela irmã. E o ajudou. Se ela também o quisesse, seria bom que ficassem juntos, gostava do Profeta. E Moisés deixava de ir ao Sinai para encontrar a sua amada. Estava apaixonado.





Nunca soube se a Gueixa também o amava, mas ela mudou. Parecia mais amável e aceitou o pedido de namoro. E o Profeta sentia-se o eleito de Deus, coroado com o mais belo e suave dos anjos, mesmo sendo um anjo de saúde delicada, pequeno e frágil.





Foi num sábado. O pastor o chamou. Onde esteve no último mês? As meninas do grupo de jovens sentiram a sua falta. Moisés não era bonito mas poucas garotas não o quereriam.


Contou-lhe. Namorava a Gueixa, não a deixaria por nada. E no domingo a mãe dele quis conhecer a menina. E ela foi. Bateu de leve na porta, demoraram a ouvi-la.




A vizinhança comentava da aparência satânica do anjo do Profeta.


Mas Moisés não se incomodava. Também era raro para ele ver o pai sóbrio, conversando normalmente com todo o mundo, sendo gentil com a visita. A mãe e os irmãos estranharam muito o contraste entre o perfeito comportamento da moça e as roupas escuras. Mas era só uma questão de tempo. Almoçaram. Gueixa até sorriu. Era bom.




O Profeta encontrara a felicidade. O inverno todo ele aproveitou a bênção de Deus, às vezes o pai sumia, mas só voltava sujo - nunca bêbado.


Num domingo de outubro, chamou a moça para a casa dele. Iria pedir-lhe a mão, e seria um bom pai, um bom marido. Estavam todos empolgadíssimos, só o pai que não estava em casa. Matheus concordara previamente, mas na sexta foi obrigado a viajar, a Gueixa não quis acompanhá-lo: preferiu ficar com Moisés.


À tarde, a caçula Sarinha desmaiou. Moisés saiu com a mãe para levá-la ao hospital. A mais velha ficou de olho nos outros três.


Já era noite. O Profeta retornou com as duas do médico. Num canto da sala, os quatro irmãos abraçados chorando. No meio da sala, o pai com os olhos injetados da bebida, debruçado sobre e dentro do corpo imóvel da Gueixa, como um vampiro.


Correu pra ela, empurrando o nosferatu para longe. Mas a sua Linda já estava morta.


Sempre se achara capaz de matar ou morrer por ela. Mas, fitando a mãe e os irmãozinhos chorosos, não teve coragem de vingá-la ou unir-se a ela.


-x-x-x-


Vale review?








7 comentários:

  1. caralhoo, muito bom, o tipo de final que eu gosto... sabe os personagens ficaram meio alheios.
    mas o final ficou ANIMAL.
    vc escreve de mais (inveja)
    continua escrevendo que vou continuar lendo (Y)

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  2. Nya, eu amei *-* Tá tão lindo, e a forma que você escreveu foi tão... perfeita :D

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  3. Lol muito boa a historia final nao poderia ser melhor =DDD

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  4. Meu... Muito massa.
    Escrita perfeita.
    Narração muito boa.
    História demais.

    Parabéns!

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  5. A escrita está perfeita, mas achei a história sem uma ambientação legal...
    Tipo, meio vago, lendo eu me perco...
    Além disso, não é o tipo de final que eu gosto xD
    Mas, está bom ^^, só achei que não teve bem um climax .-.
    Trabalhando um pouco mais, chegaria a excelência, não acha? ^^ Capacidade você tem :P

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  6. Muito foda!!! E o melhor é que não acontece o que todos esperam: a família dele permite o namoro... Embora o final seja contrastante!!!
    Muito legal. Beijos, Nee-chan!

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  7. Bom conto. Seu simplório meio de desenvolver-se possibilita diversas interpretações.

    Muito bom, muito bom.

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